ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 25.08.88.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Primeira Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os setenta e cinco anos do Colégio Santo Antonio. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Artur Zanella, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício da Presidência; Irmão Ivan Migliorini, Diretor do Colégio Santo Antônio; Prof. Joaquim José Felizardo, Secretário Municipal de Cultura; Prof. Luiz Carlos da Silva Santos, Presidente da Federação Brasileira das Associações La Salle; Prof.ª Jussara Schmidt Silva, representando o Centro dos Professores do Colégio Santo Antonio; Sr. Marco Lunardi Escobar, Presidente do GESA – Grêmio Estudantil do Colégio Santo Antônio; Ver. Hermes Dutra, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O ver. Hermes Dutra, em nome das Bancadas do PDS, PDT, PFL e PC do B, discorreu sobre o início do Colégio Santo Antônio, em mil novecentos e treze, sob a direção dos Irmãos Lassalistas Firme Alfredo e Bernard Victor, salientando o alto nível de ensino oferecido por esse Colégio e a importância do papel que hoje ocupa dentro da comunidade a qual se destina. Comentou a situação do ensino particular na atual sociedade brasileira. E o Ver. Luiz Braz, em nome das Bancadas do PMDB e do PSDB, congratulou-se com o Colégio Santo Antônio pelo transcurso de seus setenta e cinco anos, destacando a integração sempre ali observada, entre alunos, professores, pais e escola, na busca de resultados mais positivos e humanos para todos. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Irmão Ivan Migliorini que, em nome do Colégio Santo Antônio, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento relativo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem a Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Artur Zanella e secretariados pelo Ver. Hermes Dutra, Secretário “ad doc”. Do que eu, Hermes Dutra, Secretário “ad doc”, determinei fosse lavrada a presente ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos por abertos os trabalhos da 41ª Sessão Solene, que se destina a homenagear os 75 anos do Colégio Santo Antônio. Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra, que falará em nome do PDS, PDT, PFL e PC do B.

 

O SR. HERMES DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) Prezados alunos, professores e ex-diretores. Quero saudar os ex-Diretores do Colégio Santo Antônio, Irmão Roque, Irmão Arnaldo da Direção do Colégio Pão dos Pobres, que estão conosco; outros Diretores de Escola Lassalistas que aqui estão, prezados alunos.

Esta homenagem tem o sentido de deixar registrada, Sr. Diretor do Colégio Santo Antônio, deixar registrada, nos Anais da Câmara, a homenagem da Câmara de Vereadores de Porto Alegre a uma escola tradicional desta Capital, que faz parte da história da nossa Cidade e que, quando ainda sequer se imaginava, que a Cidade cresceria para aquelas bandas do Bairro Santo Antônio, Partenon, ali se instalava, nos longínquos anos de 1913, mais precisamente no dia 4 de agosto de 1913. Se instalava com apenas oito alunos, num modesto prédio de madeira, iniciado ali na esquina da Luiz de Camões com a Bento Gonçalves aquilo que hoje é o Colégio Santo Antônio, orgulho dos moradores do Bairro do mesmo nome, do Bairro Partenon, do Bairro Santana, e todos quanto desfrutam da educação que é proporcionada naquele estabelecimento de ensino. Estava se iniciando com dois irmãos lassalistas, Firmo-Alfredo e Bernard Victor, que pertenciam à comunidade do Colégio N. Senhora das Dores, mais uma instituição voltada para a educação, libertadora com ensino de alta qualidade, característica que até hoje é marca registrada da Instituição.

Setenta e cinco anos se passaram daquele início modesto até hoje, quando mil e quinhentos alunos integram o corpo discente dessa Escola, criada para atender, participar e engrandecer uma das comunidades mais atuantes da nossa Porto Alegre.

No decorrer desse tempo, o Colégio Santo Antônio pelo profícuo trabalho dos Lassalistas, passou a ocupar um lugar de destaque entre as instituições criadas, não só as de origem lassalistas, mas entre as instituições escolares e as de ensino de uma forma geral.

No histórico desta instituição voltada para o bem-estar da comunidade, cabe aqui destacar o objetivo traçado pelo Colégio Santo Antônio, nesta data significativa dos setenta e cinco anos de sua fundação, que é o de promover uma linha de ação com a comunidade educativa, oportunizando, assim, a vivência dos princípios filosóficos da escola. Falar do ambiente existente, nesse estabelecimento de ensino, é outro fato de satisfação. Esse entrosamento professor/aluno, num clima efetivo e de respeito, chega a surpreender a quem não conhece de perto os trabalhos e a dedicação dos que formam o grupo criativo dessa instituição. Essa efetividade se expressa, através dos jogos semanais no final do expediente entre professores e alunos. Nos passeios organizados com perfeita interação entre o corpo docente e discente.

É notória a queda da qualidade do ensino em nosso País, porém esse aspecto não está presente no dia-a-dia do Colégio Santo Antônio. Ali o aluno recebe um ensino livre e isento. Ao aluno cabe o direito de escolher sua tendência filosófica, dentro da orientação existente no ensino lassalista, porque a verdadeira democracia começa pela vida cultural que proporcionamos aos futuros dirigentes, técnicos e trabalhadores de nosso País, cujo foro de preparação é o da escola. E, nesse aspecto, nunca é demais ressaltar algumas questões que envolvem o problema da escola particular, nos dias de hoje. Lamentavelmente, por um erro de concepção, por uma visão distorcida de uma realidade social, com que a escola particular nada tem a ver, se está, hoje, a discutir até mesmo a necessidade ou não da existência da escola particular. Existência, aliás, que nunca deveria ser discutida, isso sim, se fosse o caso, questionados os seus métodos, os seus fins e o trabalho que realiza. Na verdade, a escola particular representa, dentro de uma sociedade pluralista e democrática, a forma de proporcionar ao filho a oportunidade de ter um ensino diferenciado daquele que o Estado alcança ao contribuinte em geral. Ter o direito de escolher a escola para colocar nosso filho é um princípio de ordem democrática e legislador nenhum tem o direito de criar problemas para esse princípio. Na verdade, em países adiantados, hoje, os próprios governos subsidiam a escola particular, para que o pai possa ter o direito de escolher uma escola particular para seu filho se não tem direito para pagar o ensino. Coisas que, infelizmente, em nosso País, ainda não acontece. A escola particular, em quase sua totalidade, a ela não tem acesso aquele que não pode pagar, mas isto certamente virá, como fruto do desenvolvimento da própria sociedade. Assim que conseguirmos erradicar esta visão distorcida que infelizmente andou campeando no atual processo constitucional brasileiro, onde chegou a se cogitar na verdadeira aberração que era a completa extinção do ensino particular em nosso País. Seria o maior atentado à existência da democracia do País, quando se fala em escola particular e quando se homenageia uma escola que segue os princípios de La Salle, não se pode deixar de lembrar quem foi La Salle, aquele que deu origem a uma rede de escolas no mundo todo e que, hoje, é santo pela Igreja Católica e que deixou uma obra na educação seguida no mundo inteiro e cujos métodos pedagógicos são reconhecidos no mundo inteiro, pois foi ele quem criou a primeira Escola Normal, foi La Salle quem primeiro criou o sistema das chamadas Escola de Aplicação, onde os normalistas iam treinar as técnicas de ensino com aplicação prática do que aprendiam dentro da escola. É de La Salle também a idéia da Escola Popular e muitas outras coisas que La Salle nos deixou e que hoje, espalhados no mundo todo, suas escolas transmitem aos nossos jovens e, no Brasil, de forma muito particular, no ano passado, se comemorou os 80 anos do ensino Lassalista do Brasil, fato que, aliás, tive oportunidade de destacar, nesta Casa, na ocasião. Isto foi num dia de chuva, cinzento, como o de hoje, com apenas 8 alunos como disse no início do meu discurso e começava a tomar corpo a iniciativa do pároco da Igreja Santo Antônio do Partenon, Frei Bruno, e fundaram uma escola paroquial para instruir e educar os filhos das famílias católicas do Bairro. Neste aspecto, cabe destacar, também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, quando colocamos nosso filho em uma escola, na verdade, nós assumimos uma dupla responsabilidade: uma, a de educar o nosso filho, que é inerente ao fato de ser pai ou mãe; e a segunda é a responsabilidade da opção, pois não se pode fazer opção por uma escola católica sem que se aceitem os princípios que dela emergem.

Na segunda semana de existência do Colégio, o número de alunos subia para 21, e , no final do ano, para 41 alunos. E, assim, ano após ano, sempre aceitando novos desafios, o Colégio Santo Antônio apresenta hoje um corpo discente com mil e quinhentos alunos, os dois turnos de atendimento da escola, atendido por 60 professores e 30 funcionários. A pequena casa de madeira que abrigou 8 alunos em sua inauguração, hoje, se traduz num prédio de dez mil metros quadrados de área construída em um terreno na Rua Luiz de Camões, que serve como ponto de referência quando se quer indicar qualquer direção, com uma área de quase trinta mil metros quadrados.

Todo este potencial a serviço das crianças desde a pré-escola até os jovens de 2º Grau mostram o grande trabalho feito pelos discípulos de La Salle. Nestes 75 anos, o Colégio Santo Antônio se preparou para, através do trabalho e de muitas realizações, formar homens com senso crítico, preparados para enfrentar os desafios do mundo, das tecnologias e das mudanças constantes que se apresentam nesta aldeia global que é o nosso mundo.

Podemos resumir, aqui, o exemplo dignificante da educação Lassalista, dos trabalhos dos freis que iniciaram o desenvolvimento do Colégio Santo Antônio e que, como professores, deveriam receber até mesmo salário, mas que nem isso, à época, conseguiam.

Por isso, essa homenagem em que, por felicidade, fui o autor da Proposição, significa apenas uma parcela do reconhecimento pelo muito que o Colégio Santo Antônio fez ao longo dos seus criativos setenta e cinco anos, representados por todos aqueles que nesse período dedicaram suas vidas em benefício de uma comunidade e que, hoje, se estende por toda a Porto Alegre, e esperamos, com certeza, ser um lume na mente dos nossos jovens, formando, hoje, o brasileiro completo de amanhã.

Não posso deixar, antes de encerrar, Sr. Presidente, de fazer feliz registro da presença do nosso querido Professor Joaquim José Felizardo, que é ex-aluno do Colégio Santo Antônio e que nos dizia, no início, que os seus filhos, todos eles, também foram alunos do Colégio Santo Antônio. Não vejo, aqui, o meu amigo e meu irmão Joaquim Vila Nova Galhardo, que não pode vir, certamente, por algum problema de saúde e que conheci quando cheguei em Porto Alegre, há 22 anos atrás, que era Presidente do Grêmio Estudantil Santo Antônio. Eu já tinha uma ligação afetiva com aquela escola e, mais tarde, havendo de educar os meus filhos e lhe servir de vizinho. E, quando me perguntam onde moro, eu sempre respondo: “Moro na Rua São Francisco de Assis”, e as pessoas, geralmente, não sabem onde fica, e eu respondo: “Fica ali, pertinho do Colégio Santo Antônio”. Pronto é o que basta. Por isso, quero registrar, nesta tarde, a presença de todos os senhores, agradecer, e dizer que a homenagem não é minha, e sim, na verdade, da Cidade de Porto Alegre, e o reconhecimento pela Escola é uma pequena forma, como disse, de retribuir tudo que vocês fizeram e ainda haverão de fazer pela juventude de nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz, que falará em nome das Bancadas do PMDB e PSDB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: (Menciona os componente da Mesa.) Depois de ouvirmos o histórico traçado pelo Ver. Hermes Dutra, a respeito do Colégio Santo Antônio, não restava para mim uma outra missão senão aquela de poder relatar a sensação que eu tive durante o tempo em que dois dos meus filhos puderam freqüentar o Colégio Santo Antônio. Como morador do Bairro Santo Antônio, como admirador do Colégio Santo Antônio, eu, desde que pude perceber, através da leitura das Atas das Sessões Solenes que ocorrem nesta Casa, que o Colégio Santo Antônio seria homenageado, me propus, junto com a minha Bancada, de estar aqui neste dia, para também poder me integrar nesta homenagem. Sr. Presidente, meus amigos, alunos do Colégio Santo Antônio, não se pode, de forma alguma, falar em educação, sem falar em integração. Esta integração de que falo é a integração, primeiramente, entre professor e aluno. É aquela disposição do professor de poder administrar os seus conhecimentos e, na outra ponta, o aluno, que está atento, para poder colher estes ensinamentos e transformá-los na prática, em sua vida, naquele seu dia-a-dia que vai fazer dele, realmente, o homem do futuro. No Colégio Santo Antônio, através da vivência que eu tive com meus filhos, eu pude sentir, a cada instante, que esta integração realmente existia. E ela existia por quê? Porque o professor, no Colégio santo Antônio, era um pouco mais do que aquele profissional que adentrava uma sala de aula para poder ministrar os conhecimentos que ele continha. Ele era um pedaço do Colégio Santo Antônio. Ele sempre entrou na sala de aula - e isto dito pelos meus filhos - como alguém que pertencia àquela família, como alguém que fazia parte daquela família. E existia alguma coisa a mais do que o simples transmitir de conhecimentos. Existia alguma coisa que envolvia um sentimento, um laço muito forte que eu poderia identificar como amor, o amor do mestre que está disposto a fazer com que aquele que está do outro lado, o aluno, possa colher os ensinamentos da melhor forma possível, porque nós temos conhecimento de que não basta, para o aluno, simplesmente derramar sobre ele o cabedal de conhecimentos que tem o professor, sem existir esse algo mais, e é esse algo mais que faz com que o aluno possa ter condições de receber esta dose de conhecimentos e poder aprender. E esta disposição de aluno se dá exatamente, e aí vem o terceiro elemento de integração, com os pais. Eu pude, no tempo em que fui pai de alunos do Colégio Santo Antônio, participar com os outros pais, primeiramente da APAMECOSA que, pelo menos, não sei agora, e não tenho vergonha em dizer que, ultimamente, tenho participado muito pouco, porque os meus filhos não estudam mais lá, mas, no tempo em que lá estávamos, a APAMECOSA fazia uma integração total no corpo daquele colégio, e nós pudemos participar ativamente da vida do colégio. E a participação no colégio foi tão ativa, e trouxe tantos laços de amizade, e essa integração foi tanta que, logo após, essa turma de pais que tomava conta da APAMECOSA, eles cederam espaço para que outros pais pudessem dirigir a APAMECOSA, nós fundamos, lá no colégio, e funciona há dois anos, um grupo intitulado Holofote, e que é, exatamente, o complemento da APAMECOSA, é um grupo que não faz parte, não é integrante da APAMECOSA, ele não interfere na vida da APAMECOSA, se ele puder, até ajuda a APAMECOSA, mas é um grupo que funciona independentemente da APAMECOSA, mas que tem o objetivo de fazer com que o Colégio Santo Antônio possa, a cada dia, ter maiores condições de fazer com que os alunos que lá estão estejam lá, por satisfação, para atender e para serem melhores pessoas do futuro. Isto, realmente, a gente sente, esta integração entre pais e professores e alunos, porque este grupo, Holofote, que foi a seqüência da APAMECOSA, neste grupo, Holofote, também participam outros professores que, juntamente conosco, fazem com que esta integração exista. Até quero citar, aqui, a presença do nosso amigo e professor Irmão Roberto, um dos grandes participantes do grupo APAMECOSA, no passado, e que continua fazendo parte, atualmente, do nosso grupo Holofote, e dada esta integração, eu me senti na obrigação de vir hoje aqui, quando o Colégio Santo Antônio está comemorando os seus 75 anos de existência, para dizer a todos os senhores que, depois de 75 anos, 75 anos de luta, 75 anos de vitórias, 75 anos de experiência, o Colégio Santo Antônio, hoje, é, realmente, um colégio que serve de exemplo, um colégio que serve de exemplo para todos aqueles que querem fazer da educação, neste nosso Brasil. A educação é uma ponta de lança para que nós possamos ter, muito em breve, uma sociedade bem melhor, porque é através da educação, e é através de instituições como esta, como o Colégio Santo Antônio, que nós haveremos de conquistar um País melhor, que nós haveremos de conquistar uma sociedade melhor, e que nós haveremos, através destas crianças, através destes jovens, de fazer, se Deus quiser, um Brasil de progresso. Muito obrigado. Os nossos cumprimentos aos 75 anos do Colégio Santo Antônio. Muito Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Irmão Ivan Migliorini, Diretor do Colégio Santo Antônio.

 

O SR. IVAN MIGLIORINI: (Menciona os componentes da Mesa.) Diretores, Irmão, professores, ex-professores, alunos, ex-alunos e demais presentes que aqui nos prestigiam.

Quis a gentileza desta Casa, através do nobre Vereador Hermes Dutra, distinguir o Colégio Santo Antônio, da Rua Luiz de Camões, com esta Sessão Solene em homenagem no mês do septuagésimo quinto aniversário de sua fundação.

Feliz iniciativa que teve pronta aceitação do Senhor Presidente, Brochado da Rocha, e de todos os seus Pares, quando de sua proposição.

E nos atrevemos a dizer, foi um gesto de gratidão e de justiça, pois foram precisos 75 anos de trabalho educativo para que um segmento de nossa sociedade, no caso o Legislativo Municipal, pela primeira vez, prestasse uma homenagem pública e oficial ao Santo Antônio.

Mas, como estamos homenageando uma Escola, permitam-nos iniciar didaticamente visando a estabelecer a comunicação com os senhores e senhoras que, em suma, representam a toda a comunidade de porto-alegrense em sua plena realização:

- autoridade: responsáveis pela vida social, cultural e religiosa desta comunidade;

- todos que fazem nossa Capital viver, trabalhar e evoluir.

Procederemos como durante 75 anos se procedeu no Colégio Santo Antônio. Servir-nos-emos de uma “Personificação” tirada da vida e do tempo, para despertar o interesse, clarear o argumento e convidar para a ação.

“Três irmãos moram numa mesma casa.

Os três são muitos diferentes um do outro.

Mas, se quisermos caracterizá-los,

Veremos que cada um se parece muito com os outros dois.

O primeiro não está em casa; ainda não chegou; chegará depois;

O segundo não está; ele já saiu; não volta mais;

Só o terceiro, o menorzinho dos três, está em casa.

Ele é importante, apesar de pequeno; sem ele não haveria os outros dois.

Quando o queremos fixar bem de perto, ele logo se transforma no segundo.

Tratando bem dele, ele nos faz ver o primeiro.”

Pois agora, digam-nos os senhores e senhoras: são os três, acaso, apenas um? Ou são somente dois? Ou são, porventura, nenhum?

Se souberem dar os nomes dos três, reconhecerão neles grandes soberanos. Juntos governam um grande reino, apesar de cada um permanecer exatamente o que é.

Nisto eles são iguais.

Público presente:

Temos certeza de que vocês perceberam a comparação e já devem ter concluído pelo nomes dos três:

Amanhã - Ontem - Hoje

O Futuro - O Passado - e o Presente.

Ao completar 75 anos, o Colégio Santo Antônio é a casa destes três importantes personagens, destes três irmãos.

Nas comemorações alusivas à data, se costuma dar realce ao Passado.

É justo, pois, com a chegada do Presente e do Futuro, ele terá sua inteira explicação. Dizendo que o presente é o menorzinho dos três, também é verdade, se considerarmos sua pressa em passar.

Amanhã, o Hoje já terá passado e hoje, o Amanhã ainda é Futuro.

Juntos os três: Passado, Presente e Futuro são três grandes soberanos, e o seu reino é a história da humanidade.

Senhores e Senhoras:

Neste ano de 1988, nós estamos recordado o Passado, avaliando o Presente e preparando o Futuro. A conjugação destas três atividades nos coloca em face dos compromissos da Escola Lassalista, que nasceu no séc. XVII com João Batista de La Salle, que organizou as escolas para a educação cristã dos jovens. Sua experiência educacional também se fez presente graças aos Irmãos Lassalistas, por ele fundados, em Porto Alegre, em 1908, através do Colégio Nossa Senhora das Dores, a quem cumprimentamos pelos seus 80 anos de fundação, para depois, em 1913, através também do Colégio Santo Antônio.

No presente, manter o Colégio Santo Antônio como escola Lassalista Cristã, cujo programa é seriedade na formação e qualidade de ensino, é um desafio para todos os integrantes da Comunidade Educativa.

Fundado sobre valores da fé, da esperança, da fraternidade, iniciando de modo simples e humilde lá no morro Santo Antônio, este, uma era histórica de sábio Caldre Fião, da república dos estudantes do Partenon Literário, o passado foi de trabalho, sacrifício e fidelidade.

Como toda a Escola Lassalista, está atenta às necessidades de instrução e evangelização dos jovens, no local concreto onde se localiza, o Santo Antônio sempre procurou responder aos desafios e necessidades propostos pela comunidade porto-alegrense, procurando, no passado, dar condições de educação e aprendizagem para que os jovens pudessem realizar sua vida humana e cristã de forma plena, preparando-os para o trabalho e para a família. E a clientela que ainda hoje procura o colégio Santo Antônio é um testemunho atualizado dos dizeres da Portaria Especial da sua fundação, assinada pelo então arcebispo D. João Becker, que dizia: “Nós recomendamos vivamente aos paroquianos do Partenon esta escola por ministrar uma educação conveniente e sólida, fundada nos princípios do cristianismo”.

No presente, o Santo Antônio se constitui uma Escola Lassalista, onde o projeto educativo é levado “junto e por associação” pelos Irmãos e os leigos conscientes da fecundidade histórica do carisma de São João Batista de La Salle.

O esforço de associação e de participação se realiza no respeito a todas as pessoas que trabalham na Escola: Irmãos, professores, funcionários, pais, antigos alunos, alunos e amigos do Santo Antônio, particularmente, na maneira pessoal de ser com o objetivo de chegar, se possível, a uma comunhão de espírito e no clima próprio de La Salle, num clima de fraternidade.

Na qualidade de Diretor do Colégio Santo Antônio e representante de todos os Irmãos que ajudaram na construção da história deste educandário e em nome da numerosa comunidade educativa, reiteramos nossos agradecimentos pela homenagem com que esta Casa nos distinguiu.

Fazemos votos que os ilustres representantes e autoridades constituídas de nossa comunidade sempre encontrem a solução certa para os problemas com que convivemos. E que o Colégio Santo Antônio possa continuar contribuindo para o engrandecimento desta Cidade e pela educação do jovem.

Para encerrar, dizemos: "Há pessoas que lutam um dia e são boas, há outras que lutam um ano e são melhores, há aquelas que lutam muitos anos e são melhores ainda. Porém, há aquelas que lutam toda a vida, essas são imprescindíveis". Brecht.

Que esta última referência aconteça com o Santo Antônio, para o bem da juventude, para o orgulho da Cidade de Porto Alegre.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ao findar o dia, esta Casa, que normalmente enfrenta debates de pessoas com idéias e ideologias diferentes, que julga, aprova, recusa projetos os mais polêmicos, esta Casa, neste final de tarde, tem uma unanimidade, que é a homenagem ao Colégio Santo Antônio nos seus 75 anos. O Ver. Hermes Dutra teve uma sensibilidade muito grande no seu requerimento, solicitando esta Sessão, e expressou junto com o Ver. Luiz Braz todos os pensamentos que essa Casa tem em relação ao Colégio e à educação em geral.

Em nome do Presidente Brochado da Rocha, que infelizmente não pode comparecer, sendo substituído por mim, primeiro Vice-Presidente, quero agradecer a presença do Irmão Ivan Migliorini. O Prof. Joaquim José Felizardo é sempre elogiado por mim pelos conhecimentos hauridos no Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, onde ele foi professor e também aluno. Não sabia e devia ter imaginado isto, que o Prof. Joaquim José Felizardo também devia ter estudado numa Escola Lassalista. Quem fala aqui é quem estudou no Colégio Julinho e numa escola Marista, com todas as rivalidades educacionais que isto representa.

Professor Luís Carlos da Silva Santos; Professora Jussara Schimidt da Silva; Marco Lunardi Escobar, suas presenças aqui nesta Sessão dignificam o Plenário desta Câmara, que representa todos os porto-alegrenses.

Aos presentes que aqui estão, professores e alunos, também o nosso agradecimento, pela presença, muito honrosa para nós.

O nosso agradecimento pela presença destes jovens que aqui estão, porque, num País como o nosso, com tantos problemas, com tantas diferenças, esses jovens representam o nosso futuro.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h02min.)

 

* * * * *